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T e x t o s & T e x t u r a s

A Reforma e o maior mandamento

| Mateus 22.34-40 (LCR)

Quando os fariseus [que se gabavam de viver na estrita observância das escrituras e tradições religiosas] souberam que Jesus tinha feito calar os saduceus [desafetos dos fariseus por serem favoráveis ao helenismo e aos romanos, rejeitarem muitas tradições dos antigos e não crerem na ressurreição], viram nisso uma ocasião para se mancomunarem e juntar forças contra Jesus.

E um deles, que era mestre da Lei, querendo conseguir alguma prova contra Jesus, perguntou: Mestre, qual é o mais importante de todos os mandamentos da Lei?

Jesus respondeu: “Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma e com toda a mente.” Este é o maior mandamento e o mais importante. E o segundo mais importante é equivalente ao primeiro: “Ame os outros como você ama a você mesmo.” Toda a Lei de Moisés e os ensinamentos dos Profetas derivam desses dois mandamentos.

Os grandes reformadores se notabilizaram por suas ênfases teológicas: Lutero e a Teologia da Graça, Calvino e a Teologia da Soberania de Deus, por exemplo. Os principais slogans da Reforma nos dão uma síntese dessas ênfases: Sola Gracia, sola Fide, solus Christus, Sola Scriptura, soli Deo Gloria.

No entanto, se tivéssemos que resumir a nossa experiência de Deus, das Escrituras, da fé e da vida religiosa, nenhuma seria mais apropriada do que a palavra Amor. Afinal, Deus é Amor e, segundo o próprio Jesus, como lemos no Evangelho de hoje, toda a Lei e os Profetas, isto é, as Escrituras Sagradas, derivam do grande e primeiro e maior Mandamento do Amor. Esse mandamento é, na verdade, único e, como uma moeda, tem duas faces: uma voltada para Deus e a outra, para o próximo.

É no mínimo curioso que o Amor não esteja na lista, nem tenha sido a ênfase predominante de nenhum dos grandes reformadores. Ao contrário, sabemos que o que não faltou, entre eles e os seus opositores, foram trocas de ofensas e atitudes hostis. Algumas dessas atitudes culminaram com a aplicação da pena capital sobre os detratores, que eram invariavelmente acusados de “hereges”.

Como se vê, por mais importante que tenha sido a Reforma Protestante do século XVI, ainda há uma outra Reforma muito maior esperando para ser feita: trata-se da Reforma do Amor, pela qual Deus haverá de ser honrado e glorificado por meio do tratamento respeitoso, justo e digno, dispensado para com todos os humanos.

Reformas servem para nos amoldar a outras fôrmas. Nunca nos esqueçamos, no entanto, de que, por mais úteis que as fôrmas sejam —por exemplo: para se assar pão—, o bom mesmo é quando o pão cresce a ponto de transbordar da fôrma… porque o que alimenta, de fato, não é a fôrma, mas o pão.

Reverendo Luiz Carlos Ramos
Por uma igreja de corações abertos, mentes abertas e braços abertos

Para a Celebração dos 500 Anos da Reforma Protestante
e o Vigésimo Primeiro Domingo da Peregrinação após Pentecostes
| Ano A, 2017

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