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Celebração da Terra Sem Males

culto_fateo_200904151Celebração da Terra Sem Males

Adaptado da Missa da Terra Sem Males
Texto: Dom Pedro Casaldáliga e Pedro Tierra
Música: Martín Coplas
Gravação em cassete: Edições Paulinas Discos, São Paulo 1980

(clique na imagem para abrir ou nos links abaixo para ouvir) 

 audio

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Celebração da Terra Sem Males: uma apresentação

Luiz Carlos Ramos

O

 próximo domingo (18 de abril), que é o segundo do tempo da Páscoa, é também o Dia dos Povos Indígenas. Na reunião da equipe de liturgia da FaTeo, quando pensávamos no culto de hoje, lembramo-nos (os mais “anciãos”, evidentemente) do enfático trabalho realizado na década de 1980 Pelo Bispo de São Felix do Araguaia, MT, Dom Pedro Casaldáliga (missionário espanhol), o poeta brasileiro Pedro Tierra (pseudônimo de Hamilton Pereira da Silva) e Martín Coplas, argentino, descendente de quechua e aymara. Produção essa motivada pelas festividades do “Ano dos Mártires da Causa Indígena” (1978). Esse “Ano dos Mártires” fora, originalmente, pensado para homenagear apenas os missionários mortos, mas

“O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) achou que era de justiça que não se celebrasse apenas a morte dos missionários. Porque os mortos eram muitos mais. Devia-se também celebrar a morte de milhares de índios, sacrificados pelos Impérios Cristãos da Espanha e Portugal. Uns e outros, Mártires da Causa Indígena. A Cruz, no meio deles todos. Aqueles, morrendo pelo amor do Cristo. Estes, massacrados “em nome” do Cristo e do Imperador” (D. Pedro Casaldáliga).

Há estimativas de que quando os europeus chegaram com suas caravelas às praias brasileiras, havia aqui mais de 5 milhões de indígenas, hoje restam menos de 200 mil. Os números sobem para 90 milhões em todo o continente americano, praticamente aniquilados, exterminados. Dificilmente haverá martírio mais sangrento e cruel.

Assim nasceu a “Missa da Terra-sem-males”, inspirada na tradição tupiniquim e guarani, “filhos da grande nostalgia, buscadores incansáveis da ‘Terra-sem-males’” com seu tom utópico, político e também escatológico.

“A Terra-sem-males, que a mística guarani secularmente vem procurando, num êxodo comovente, é uma Terra possível, o dever fundamental da História Humana, a tensa alegria de nossa Esperança em Jesus Cristo, o Senhor Ressuscitado, o Novo Céu e a Terra Nova que o Pai Deus jurou dar a seus filhos”(Pedro Cadaldáliga).

Por se tratar de uma composição musical, a palavra “missa” é empregada aqui no sentido de “composição ou cântico feito sobre o texto do Ordinário da Missa”. Neste caso: Cântico de Abertura, Memória Penitencial, Aclamação do Evangelho, Ofertório, Rito da Paz, Comunhão, Compromisso Final e Canto Final.

Originalmente, foi gravada em fica cassete (só os mais antigos aqui sabem do que se trata). A versão que hoje ouviremos foi digitalizada pelo Vinícius Gusman, e gentilmente cedida a nós, no formato MP3, pelo Prof. José Carlos de Souza.

Queremos fazer duas pequenas ressalvas, para evitar interpretações equivocadas em relação ao trabalho da equipe de liturgia, em particular, e à posição Faculdade de Teologia, em geral:

  1. Não nos devem escandalizar os nomes Maíra e Tupã, constantes no Canto de Abertura. Como nós, em português, chamamos “Deus” ao Criador, os ingleses, “God”, os espanhóis, “Dios”, os gregos, “Theós”, e os judeus, “Javé”, os nomes dados ao mesmo Criador pelos tupiniquins e pelos guaranis são, respectivamente, “Maíra” e “Tupã”.
  2. Deliberadamente omitimos o canto do compromisso final que se referia a “Morena de Guadalupe”, por tratar-se de algo específico da fé católico-romana, e por entendermos que não cabe numa perspectiva protestante ecumênica.

Chamo a atenção, ainda, para os detalhes da cuidadosa produção musical do trabalho, que emprega ritmos e instrumentos próprios da cultura ameríndia.

Finalmente, vale mencionar, como nos lembrou o prof. José Carlos, que

“Este trabalho já foi apresentado na Umesp na década de 1980, na ocasião, cantado pelo Coral da Unimep. Ele denuncia a redução da cultura indígena ao modo de ser e viver do ‘homem branco’; a imposição da religiosidade católica (cristã) pela violência. Todos concordamos, com certeza, de que isto foi o reverso do que chamamos de evangelização” (José Carlos de Souza).

E

“Perder a terra, perder a língua, perder os costumes, é perder o chão da vida, deixar de ser. […] Quem não respeita uma Cultura, quem age etnocentricamente, ‘escraviza’, sim. O Evangelho é Fé, não cultura. O Evangelho deve se encarnar em todas as Culturas de todos os Tempos. Todas elas humanas, todas susceptíveis de um aperfeiçoamento superior: a Graca do Verbo, encarnado nelas” (Pedro Casaldáliga).

 

(Abril de 2009)

 

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