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T e x t o s & T e x t u r a s

Multiplicar é dividir

Já contei como fiquei muito surpreso quando descobri que não existe a palavra “multiplicação” na história da “multiplicação dos pães” (João 6.1-14). Eu era ainda jovenzinho quando o saudoso Rev. Elias Abrão pregou sobre essa passagem bíblica e explicou que os verbos que apareciam ali eram “partir” e “distribuir”, e que “multiplicar” devia ser colocado na conta do editor moderno responsável pela inserção dos intertítulos (que, obviamente, não constam dos originais).

Outra descoberta que fiz, mais tarde, foi a de que o tal “rapaz”, mencionado na tradicional tradução do João Ferreira de Almeida, na verdade não era um rapaz, mas uma “pequenina criança” (no original grego: paidarion). Mais curioso ainda é o fato de que essa é uma palavra neutra, ou seja, pode indicar tanto uma criança do sexo masculino, como uma do feminino. Resumindo, quem ofereceu os cinco pães e os dois peixes pode ter sido  uma menininha.

Como alimentar a multidão faminta? Esta continua a ser uma das perguntas cruciais dos líderes políticos, das organizações não governamentais, das associações filantrópicas e de algumas igrejas…

A resposta do Evangelho pra essa difícil, intrincada, complexa e aparentemente insolúvel questão é a seguinte: Cinco pães, dois peixes e o coração gentil de uma criancinha solidária… não é preciso muito mais para saciar a multidão que tem fome de pão e sede de justiça.

E a outra pergunta que fica é: “Quem é essa criancinha, onde ela está agora, para que venha e sacie nossa fome?” E a resposta é uma só: “Eu sou essa criança! Você é essa criança! Nós somos essa criança!”

Poderíamos reler, portanto, o texto bíblico substituindo a palavra “rapaz” pelo nosso próprio nome: “Estão aí o Luizinho, a Julinha, o Pedrinho, a Neusinha, o Zezinho, a Esterzinha… que têm uns pães e alguns peixes”.

Portanto, rendamos graças a Deus e repartamos o Pão da Vida, distribuindo do pouco que temos! E preparemo-nos para recolher os cestos com o que haverá de sobejar.

Luiz Carlos Ramos

(Reflexão apresentada durante o Lançamento do CD “Sombra Amiga & Água Pura”,
aos 2 de novembro de 2012, a partir da prédica “O Pão da Vida”, cf. João 6.1-14,
pregada pela primeira vez na Capela da Serra, em 29 de julho de 2012)

Canção da Noite, de Luiz Carlos Ramos & Liséte Espíndola, uma das 31 canções do CD “Sombra Amiga & Água Pura

7 Comentários

  1. Menino Luizinho, que brincadeira mais sublime!!!

  2. Amém! Obrigada, Luiz,pela bela e inspiradora reflexão,

  3. Como sempre amei o seu texto, obrigado por mais uma vez me ensinar.

  4. Parabéns Luiz Carlos , que texto espetacular esmiuçado dessa forma, com clareza, leveza e acompanahdo dessa belissima melodia !! Qta sabedoria nesse livro sagrado… A Pastoral da Criança trabalha esse texto com nossas crianças
    e familias , na partilha do saber, do amor e certametne sua descoberta é maravilhosa , multiplicar realmente é dividir !! Dalila Costa – P.Criança Lapa

  5. É sempre com curiosidade que procuro ler seus textos, e o resultado é sempre aprendizagem e alegria. Obrigada, Luiz Carlos, por essa preciosidade. Abraços.

  6. Bela e oportuna reflexão! Parabéns Luiz e aceite meu abraço saudoso, agora de São Carlos! Vera Chvatal

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