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Pequenos grandes profetas

Vitral: Greenwood Community, Escócia – designed by Atkings Stained Glass Studio

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Pequenos grandes profetas — Texto e alocução by Luiz Carlos Ramos

Mateus 11.2-11

Mesmo confinado na cadeia, João Batista ouviu as notícias a respeito do que o Messias andava fazendo. Um tanto perplexo e escandalizado, enviou alguns dos seus discípulos para que fossem até ele, incumbidos de tirar de uma vez por todas as dúvidas que o atormentavam: — O senhor é o esperado, aquele que estava para chegar, ou devemos aguardar ainda o advento de outro?

Jesus respondeu: — Voltem lá e contem a João o que vocês estão ouvindo e vendo. Contem a ele como os cegos agora vêem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e os pobres abraçam o evangelho. E, lembrem-lhe, que felizes são aqueles que não se escandalizam, nem abandonam a sua fé em mim!

Assim que os discípulos de João foram embora, Jesus começou a dar testemunho ao povo a respeito de João: — Ah! O que vocês esperavam ver lá fora no deserto? Um caniço de junco sacudido pelo vento? O que esperavam ver lá fora? Um homem bem-vestido? Ora, os que se vestem bem moram dentro de palácios! Então me digam: o que esperavam ver? Um profeta? Sim. E eu afirmo que vocês viram muito mais do que um profeta. Porque João é aquele a respeito de quem as Escrituras Sagradas dizem: “Aí você têm, face-a-face, o meu mensageiro, disse Deus. Eu o envio para preparar o seu caminho.” Eu garanto a vocês, e esta é a mais pura verdade: de todos os homens já nascidos no mundo, João Batista é o maior. Saibam, porém, que o menor no Reino do Céu é maior do que ele.

* * *

João, o batista, fora preso e confinado na fortaleza de Machaerus, 24 Km a sudoeste da foz do Rio Jordão, a mando do Rei Herodes Antipas I. Isso se deu, segundo alguns, na metade do ano 26 ou 27, e ali ele permaneceu por 10 meses, até o dia de sua morte.

As notícias que chegavam à prisão, sobre Jesus, começaram a deixar João alarmado. Não era bem isso que ele esperava do Messias. Isso o atormentou a ponto de decidir enviar uma comitiva de discípulos para passar tudo a limpo com o próprio Jesus.

Afinal, as propostas de Jesus pareciam divergir drasticamente das de João.

João era observador rígido da Lei, acreditava que a melhor forma de preservar sua santidade era afastando-se do mundo, e vivendo como ermitão nos lugares desabitados. Vivia, por isso, vida ascética e isolada do mundo. Entendia que para viver uma vida de santidade deveria privar-se de qualquer conforto ou regalia. Vestia-se toscamente, comia frugalmente. Para os que iam ouví-lo, anunciava o juízo e a condenação, e os acusava de pecadores. Pregava uma moral rígida e inflexível…

E então ficou sabendo que Jesus fazia tudo diferente, e até contrário a tudo aquilo pelo que arriscara sua vida: Jesus não se isolava, mas adotava como campo missionário as vilas e cidades; não fugia para o deserto, mas ia ao encontro do povo. Comia comida considerada impura e bebia vinho. Convivia com pecadores, perdoava pecados graves como os dos publicanos e das prostitutas. Anunciava o Evangelho do amor e da graça, do perdão e da reconciliação. Seu estilo era refinado e sutil, inteligente e afável.

João, que vivia sob a Lei, escandalizou-se do estilo de vida segundo o Evangelho. João entrou em crise: Não pode ser esse o Messias. Que decepção! Vão até lá, tirem isso a limpo. Depois venham me dizer que o que estou ouvindo não é verdade. Não é possível que ainda tenhamos que esperar mais pela vinda do verdadeiro Messias…

Mas, como contra fatos não há argumentos, os discípulos de João foram e viram: as pessoas voltam a andar por suas próprias pernas, os impuros agora estão limpos, os surdos ouvem perfeitamente, até quem estava morto agora tem vida nova, e, vejam, que coisa mais maravilhosa!, os pobres abraçam o evangelho…

Não sabemos como João recebeu o relatório da sua delegação sobre Jesus, mas sabemos o que Jesus pensava de João: O maior dos profetas humanos, dos que viveram sob a Lei. Mas, por maior que fosse, tudo o que João era e fazia era muito pouco no Novo Mundo de Deus. Porque o menor dentre os que vivem segundo o Evangelho do amor, ainda é muito maior do que o maior dos que vivem sob o regime da Lei.

Curiosamente, tanto João como Jesus foram condenados à morte. Esse mundo é mesmo complexo! Se lhes tocamos música fúnebre, não choram; se lhe entoamos música de festa, não dançam…

Os caminhos para o advento do Salvador ainda precisam ser aplanados. Ainda há muito a ser endireitado. Ainda há muito trabalho a ser feito pelos pequenos grandes profetas do Novo Mundo de Deus.

Rev. Luiz Carlos Ramos
Para o Terceiro Domingo do Advento
| Ano A, 2016/2017

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