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T e x t o s & T e x t u r a s

Quem paga mais impostos?

VITRAIS-de-Eisenhuttenstadt

Um dos vitrais de Eisenhüttenstadt – AP / PATRICK PLEUL

Mc 12.38-44:
Em seus ensinos, Jesus dizia: — Cuidado com os legalistas! Eles gostam de andar para lá e para cá, usando pomposas togas, [para evidenciar sua influência no poder judiciário] e gostam de ser cumprimentados com espalhafato nas praças [para demonstrar como são influentes na esfera política e econômica]; preferem sentar-se nos primeiros bancos das igrejas [para darem uma de autoridade religiosa] e nos lugares mais destacados nos banquetes [pra se exibirem nas colunas sociais]. Só que esses aí são os mesmos que exploram as viúvas e roubam-lhes os bens; e, para disfarçarem, fazem aquelas orações compridas que conhecemos bem. Mas é só uma questão de tempo, em breve serão condenados e sua pena será muito, muito severa!

[Doutra feita,] Jesus estava no pátio do Templo, sentado justo em frente ao gazofilácio [eram treze caixas com forma de trombetas colocadas em torno das paredes do pátio das mulheres, onde o povo depositava suas contribuições/impostos], olhando com atenção as pessoas que nele depositavam seu dinheiro [lit. “seus cobres”]. Muitos ricos depositavam grandes quantias. Foi então que chegou ali uma viúva pobre e depositou numa das caixas duas moedinhas de pouco valor [dois centavos]. Nessa hora, Jesus chamou a atenção dos discípulos e disse: — Eu afirmo a vocês, e isto é a mais pura verdade: esta viúva pobre depositou mais do que todos. Porque os outros depositaram do que lhes sobrava. Porém ela, de sua pobreza, deu tudo o que tinha para viver.

Na redação do Evangelho de Marcos, Jesus conclui aqui, no capítulo 12, seu ministério público, que teve início na Galileia e se disseminou pelo caminho rumo a Jerusalém. A partir do cap. 13, Jesus haverá de trilhar seus últimos passos pelas vielas de Jerusalém, já não mais digna de ser chamada de Cidade da Paz.

Por gestos e palavras, Jesus ensinou, desde a Galileia, que os últimos serão os primeiros, os menores são os maiores, os senhores são os que servem, os únicos verdadeiramente ricos são os pobres. Por isso, exaltou as crianças, as mulheres, os mendigos, os marginalizados.

Na perícope que inclui o episódio do gazofilácio, Jesus contrapõe os escribas ricos às viúvas pobres. Sob a alegação de que as viúvas não eram reconhecidas como legalmente capazes para gerir as finanças e propriedades herdadas do falecido marido, sendo igualmente incapazes os filhos pequenos, esses advogados de ocasião se “voluntariavam” para tomar conta dessas contas, cobrando, é claro, uma “modesta” taxa administrativa. Era assim que as viúvas e os órfãos acabavam enquadrados nos substratos mais sofridos, explorados e miseráveis da sociedade. E, além de tudo, ainda tinham que pagar as taxas do Templo.

Também neste caso Jesus se posicionou ao lado das viúvas e dos órfãos, e condenou a atitude iníqua dos advogados, financistas, políticos, religiosos e socialites do seu tempo. E conclamou seus discípulos a que se conscientizassem de que os que são mais onerados no pagamento dos impostos são justamente esses pequeninos, oriundos dos extratos mais miseráveis da sociedade. E Jesus continua a nos conclamar hoje à mesma tomada de consciência e ao mesmo compromisso ao lado dos mais pequenos.

Reverendo Luiz Carlos Ramos
| Para o Vigésimo Quarto Domingo da Peregrinação após Pentecostes, Ano B, 8.11.15
| Para o Vigésimo Quinto Domingo da Peregrinação após Pentecostes | Ano B, 2018

2 Comentários

  1. Situação ainda muito atual, caro Luiz. E infelizmente nosso governo não mudou esse cenário ate o momento.

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