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T e x t o s & T e x t u r a s

A comunidade da ressurreição ao redor da mesa

EucharistELCA

Lucas 24.36-48: Falavam ainda estas coisas quando Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: Paz seja convosco! Eles, porém, surpresos e atemorizados, acreditavam estarem vendo um espírito. Mas ele lhes disse: Por que estais perturbados? E por que sobem dúvidas ao vosso coração? Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho. Dizendo isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. E, por não acreditarem eles ainda, por causa da alegria, e estando admirados, Jesus lhes disse: Tendes aqui alguma coisa que comer? Então, lhe apresentaram um pedaço de peixe assado [e um favo de mel]. E ele comeu na presença deles. A seguir, Jesus lhes disse: São estas as palavras que eu vos falei, estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. Então, lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras; lhes disse: Assim está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia e que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, começando de Jerusalém. Vós sois testemunhas destas coisas.

O relato de Lucas, que descreve como Jesus se apresentou ressurreto no Cenáculo, confirma as bases da vida e do culto cristãos. Já tenho abordado esta questão reiteradas vezes em outros textos e alocuções, mas a indicação do Lecionário para o Terceiro Domingo da Páscoa nos leva a retomar o tema.

Lucas insere esse encontro com o Ressurreto no quadro maior do caminho de Emaús, que ficou lembrado por dois estágios marcantes: um ao redor da Palavra, enquanto Jesus expunha as Escrituras caminhando ao longo da estrada; seguido de outro, à mesa, quando se dá a experiência reveladora, no partir do pão, já na aldeia de Emaús.

Na mesma noite, em Jerusalém, reunidos os discípulos (e discípulas, por suposto) no Cenáculo (cômodo reservado para as refeições), Jesus teria se apresentado colocando-se “no meio” (gr. meso, v. 36). Dessa raiz grega, passando pelo latim (medus e mensa), herdamos a palavra “mesa”.

A construção da cena fica mais clara quando, para superar a incredulidade dos que estavam no cenáculo, Jesus pede algo para comer. A mesma experiência reveladora de Emaús se repete:

“A seguir, Jesus lhes disse: importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. Então, lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras” (vs. 44-45).

Desde então, a igreja entendeu que a vida cristã se estrutura sobre dois pilares: a Palavra e a Mesa.

Cristo se revela quando nos reunimos ao redor da sua palavra encarnada, e quando repartimos o pão da solidariedade numa mesa inclusiva.

Reverendo Luiz Carlos Ramos
(Terceiro Domingo da Páscoa, Ano B)

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