A flor que aprendeu a voar
Luiz Carlos Ramos
“Suplico-vos que não vos conformeis com a efemeridade do presente século, mas metamorfoseai-vos pela renovação da vossa mente e apresenteis os vossos corpos como oferenda viva, suave e agradável, diante do Eterno: pois esse é o único culto verdadeiramente inteligente.” (Rm 12.1-2)
Era uma vez uma linda flor azul que cresceu num prado iluminado. Certo dia, um pássaro curioso, passando por ali, notou a linda flor e desceu para vê-la de perto. Ele ficou encantado com a flor, pois além de bonita, era também inteligente, alegre, bem-humorada e muito carinhosa!
Todos os dias, o pássaro ia visitar a flor… Gostava de ouvir as histórias que ela sabia contar como ninguém.
Mas, como todo mundo sabe, as flores são efêmeras. E, a cada novo dia, o pássaro notava que a flor estava ficando mais fraquinha, mais murchinha…
Até que, numa manhã, quando o pássaro chegou, não encontrou mais a flor. Aflito, em vão voou agitado por todo lado em busca da sua querida flor. Já cansado, voltou ao local onde a flor vivia e perguntou às suas vizinhas: “Onde está a flor azul?” Ninguém sabia… Mas uma delas disse: “Não sei onde ela está, só sei que ela voou com a brisa da madrugada.”
O pássaro sentiu a direção do vento e, de novo, saiu voando pelos prados em busca da sua querida flor.
O sol já estava quase se pondo, quando o pássaro avistou um pontinho azul, flutuando na entrada do bosque. Dirigiu-se, veloz, para lá. Viu que aquele pontinho azul era uma linda borboleta. O pássaro, então, perguntou, atônito: “Flor, é você!” A borboleta sorriu, e respondeu: “É claro que sou eu, não está vendo?” “Mas como?” tornou a perguntar o pássaro, maravilhado. Ela sorriu mais uma vez: “Ora, você não sabia que as flores que aprendem a voar viram borboletas?”
A partir desse dia, toda vez que via uma borboleta — branca, azul, amarela ou preta —, brincando na luz do entardecer, o pássaro dizia: “Lá vai, alegre, mais uma flor que aprendeu voar!” E sorria.
* * *
Na madrugada de hoje, com a brisa da manhã, a Tia Déa, nossa linda flor, aprendeu a voar. E, tenho certeza, continuará a viver feliz para sempre!
A flor que aprendeu a voar — Déa Kerr Affini (1930-2009) by Luiz Carlos Ramos is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 2.5 Brasil License.
Luiz, querido amigo
vc não imagina a repercussão da sua história…..muitas pessoas vieram falar comigo……
só vc, só vc, só vc poderia ter esse olhar profundo da essencia da tia Déa.
grata
beijo
Lisete
Amigos/as,
Mais uma vez agradecemos a Deus por essa flor que se foi. Deu também uma grande contribuição à hinologia no Brasil e AL. Saudades também.
Jorge
Amigas e amigos,
Para nós, que vivemos um pouco mais, é muito bom saber que vivemos em um mundo excepcional, rodeado de pessoas lindas que nos ensinaram o mistério da dádiva, da construção de comunidade e do amor. Mas aprendemos, também, que tudo passa, inclusive as pessoas que aprendemos a amar e admirar, e novos tempos emergem nos lugares de sempre. Que estes tempos novos possam ser belos como os nossos. A Déa foi puro sorriso e mulher de natureza mansa, como os puros de coração.
Ely
Querido Luiz…
Dia triste…
Muito lindo seu texto, nos remete a doçura e suavidade da D. Déia… Lembrei-me de como ela me chamava quando me via “Como está essa baianinha?” Caí em prantos.
Meus sentimentos à família.
Abraços,
Laiz H M Dourado.
Estimado Luiz,
Saúde e paz
Peço a Deus em oração que console os nossos corações
Abraços
Nicanor
Luiz
Sem pedir licença… estou imprimindo seu texto, juntando com outros que recebi, vou colocar tudo em um envelope e entregar para a família no velório.
Luiz, as perdas nos mostram que a vida é tão curta…
Seu e-mail me fiz cair em prantos. Como sempre pela beleza e leveza do texto.
Esperando por um abraço apertado,
léia
Luiz, querido amigo e pastor.
Deus deu a você uma sensibilidade criativa maravilhosa. Você conseguiu descrever muito bem o que foi a vida e a presença da Tia Déa! Obrigado. Estou compartilhando sua mensagem com outras gentes que sei a amavam muito ou conheciam o seu lindo trabalho.
Grande abraço,
Sérgio Marcus