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T e x t o s & T e x t u r a s

Crer com os dedos

Luiz Carlos Ramos
(Dedico esta prédica a todos aqueles e aquelas
que exercem seu ministério com paixão e inteligência)

 João 20.19-31 (ARA)

19 Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da casa onde estavam os discípulos com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco!  20 E, dizendo isto, lhes mostrou as mãos e o lado. Alegraram-se, portanto, os discípulos ao verem o Senhor.  21 Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio.  22 E, havendo dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.  23 Se de alguns perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; se lhos retiverdes, são retidos.  24 Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus.  25 Disseram-lhe, então, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele respondeu: Se eu não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o dedo, e não puser a mão no seu lado, de modo algum acreditarei.

26 Passados oito dias, estavam outra vez ali reunidos os seus discípulos, e Tomé, com eles. Estando as portas trancadas, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco!  27 E logo disse a Tomé: Põe aqui o dedo e vê as minhas mãos; chega também a mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente.  28 Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu!  29 Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram.  

30 Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro.  31 Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.

Introdução

José Saramago, no seu livro, “O evangelho segundo Jesus Cristo”, respaldado por pesquisas e consultas aos textos apócrifos atribuídos a Tomé, insere em sua ficção literária, uma lenda a respeito de Jesus e Tomé:

Certa feita, Jesus e os discípulos estariam na praia e o assunto a respeito do qual conversavam era a vocação messiânica de Jesus. Tomé tentava dissuadi-lo dessa missão impossível. Então, Jesus começou a exulpir pássaros com a areia da praia. Depois, jogou uma rede de pesca sobre os pássaros de areia e, voltando-se para Tomé, disse-lhe: “Tomé, liberte os passarinhos.” Tomé, tentou, meio sem jeito, poupar Jesus também desse constrangimento. Mas Jesus insistiu: “Tomé, liberte os passarinhos.” Como Tomé não tivesse alternativa, num gesto rápido, tirou a rede. No mesmo instante, os passarinhos saíram voando. Então, escreve Saramago, Tomé caiu aos pés de Jesus, e confessou: “Senhor meu e Deus meu!” Ao que Jesus lhe respondeu: “Por causa do milagre você crê? Pois eu lhe digo que maior milagre seria você não precisar de milagres para crer!” (Reconstrução não literal)

Hoje, meus irmãos e minhas irmãs, celebramos o segundo domingo da Páscoa. No último culto relembramos o relato dramático da ressurreição do Senhor, protagonizado por Maria Madalena. Pudemos perceber os conflitos que transparecem na narrativa, dando-nos conta de que, desde os inícios, o cristianismo teve que aprender a lidar com diferenças e preferências: uns atendiam à liderança de Pedro, outros, à do pequeno João, mas outros se espelhavam em Maria Madalena.

Pela leitura da perícope de hoje, vamos ampliar essa rede de intrigas e disputas. É que agora entra em cena Tomé, um dos doze, também chamado Dídimo, talvez por que tivesse um irmão gêmeo, ou talvez porque fosse divertido brincar com o nome dele, que tinha a mesma sonoridade do termo hebraico que significa “gêmeo”.

Ao longo da história, Tomé sempre foi considerado uma personalidade controvertida. Depreciado por uns, como sendo cético e incrédulo e, pelas mesmas razões, respeitado e honrado por outros.

A narrativa se estrutura em duas partes muito evidentes: O primeiro encontro do ressuscitado com o grupo de discípulos, mas sem Tomé (vv. 19-25); e o segundo encontro, oito dias depois, desta vez estando Tomé com os demais (26-29).

Essa estrutura sugere a tensão entre os que crêem para compreender, de um lado, e os que querem compreender para crer, de outro — foi Santo Agostinho (354-430), quem primeiro pôs a questão nesses termos: Intellige ut credas, crede ut intelligas “Entende e crerás, crê e entenderás”  (Sermão 43). Questão essa tratada reiteradamente pelos principais teólogos em diferentes épocas da história da Igreja.

Analisemos com atenção essas duas classes de pessoas. Comecemos com os seguidores de João…

Os que crêem para compreender

Vale a pena voltarmos uns poucos versículos. Lembram-se que, na madrugada daquele domingo, todos correram para o sepulcro onde deveria estar o corpo de Jesus? Vocês se lembram também de um detalhe, pequeno, mas de modo algum insignificante a respeito do menino João que, justamente por ser o mais jovem, chegou primeiro, mas que não entrara imediatamente no sepulcro? Vamos conferir:

4 Ambos corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro;  5 e, abaixando-se, viu os lençóis de linho; todavia, não entrou.  6 Então, Simão Pedro, seguindo-o, chegou e entrou no sepulcro. Ele também viu os lençóis,  7 e o lenço que estivera sobre a cabeça de Jesus, e que não estava com os lençóis, mas deixado num lugar à parte.  8 Então, entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu, e creu (Jo 20.4-8).

João é o primeiro a crer. Conquanto o texto afirme que ele “viu e creu”, parece muito mais descrever o que ele não viu, pois o túmulo estava vazio, lá havia somente a mortalha e o sudário. Poderíamos, portando, reescrever o verso oito assim:

Então, entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e [não] viu [Jesus], e creu.

Retomando a perícope de hoje: À noitinha do mesmo domingo, os discípulos estavam reunidos no cenáculo, com as portas bem trancadas, porque estavam com medo de uma iminente perseguição aos seguidores do perigoso insurgente que, supostamente, tinha sido subjugado e executado na última sexta-feira. Então… o inesperado, o impensável, acontece: “Veio Jesus, pôs-se no meio” (v. 19).

Em pé, na postura que desde então se tornou simbólica do ressuscitado, braços estendidos, mãos espalmadas, Jesus lhes oferece a paz, e sem que ninguém lhe peça, mostra-lhes as marcas em suas mãos e a ferida no peito (v. 20).

É surpreendente  que, de acordo com a  narrativa, o que teria chamado a atenção dos discípulos, não foram as cicatrizes. Pois o texto diz: “Alegraram-se [ἐχάρησαν], portanto, os discípulos ao verem o Senhor” (no mesmo v. 20).

Os discípulos, e certamente João entre eles, tiveram mais prazer em ver o seu amigo e Senhor vivo do que em contemplar as feias chagas da cruz.

Ao longo da história, muitos exercitaram dessa mesma forma a sua fé. Atribui-se a Tertuliano (155-222) a máxima: “Credo quia absurdum”, que pode ser traduzida por “Creio, mesmo que absurdo”, ou ainda melhor: “Creio, justamente porque é absurdo”. Na verdade, a fé é necessária justamente quando não há evidências. Havendo provas, não é preciso crer, basta constatar.

Quem se contenta com provas, ou sinais, é como aquele que olha para o dedo que aponta as estrelas, e deixa de ver as estrelas, que são muito mais bonitas que o dedo.

Uma religião que não necessite, que não cobre, e que não dependa de evidencias, de sinais, ou de milagres, é constituída de fiéis mais felizes (μακάριοι, cf. v. 29). Essa fé é duradoura, ao passo que aquela que depende de sinais estará sempre em busca de mais, cada vez mais, sinais. Superavit de milagres, não implica necessariamente em abundância de fé. É o evangelista João mesmo quem o diz: “E, embora tivesse feito tantos sinais na sua presença, não creram nele” (Jo 12.37). Além do que, prodígios podem ser feitos por qualquer um, inclusive por inimigos de Cristo, isto está dito por São Mateus: “porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos” (Mt 24.24).

Os discípulos alegraram-se — literalmente: “ficaram felizes” (ἐχάρησαν) — não porque viram provas e obtiveram evidências, mas porque reviram seu amigo e reencontraram o seu Senhor.

Mas não nos precipitemos, e não sejamos injustos ou demasiadamente severos com Tomé. Procuremos conhecer melhor, agora, os que lhe seguem o exemplo…

Os que querem compreender para crer

Vejamos: oito dias depois, isto é, no segundo domingo depois da Páscoa (como o que comemoramos hoje), no mesmo cenáculo, se dá um novo encontro… Desta vez Tomé está com os outros. Jesus repete sua visita e, ao que parece, só pra satisfazer o capricho de Tomé, que antes havia, com bravatas, afirmado:

Se eu não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o dedo, e não puser a mão no seu lado, de modo algum acreditarei. (v. 25)

Jesus toma a iniciativa e se dirige a Tomé. Dá-lhe a esperada ocasião para ver com os dedos: “Põe aqui o dedo e vê” (v. 27). E então lhe pede para que não seja incrédulo, mas que seja crente. Note que não lhe pede que seja crédulo, pois ser crente é muito mais do que ser crédulo. Jesus respeita a dúvida de Tomé, que é a de quem quer compreender para crer.

O contraponto disso é que a credulidade também pode ser uma forma de descrença, uma vez que coloca no mesmo nível dos grandes sinais divinos outros fenômenos menores, ingenuamente entendidos (ou, não tão ingenuamente assim, desentendidos).

O poeta inglês Alfred Tennyson certa vez escreveu:

“Há mais fé em uma dúvida honesta,
Creiam-me, do que em metade dos credos” (Apud. Barclay, 1974, p. 302)

E o Rev. William Barclay afirmava:

“Há mais fé verdadeira em quem insiste em certificar-se, do que naquele que repete tolamente coisas sobre as quais jamais pensou e nas quais sequer crê.”

E Tomé tinha essa virtude:

“Negava-se completamente a dizer que cria quando isso não era verdade. Jamais diria que entendia o que cria quando não entendia, [ou] quando não cria. […] Jamais apaziguaria as dúvidas simulando que elas não existem. Jamais repetiria um credo, como se fosse um papagaio, sem entender o que dizia. Tinha que estar certo, e de que tinha razão.” (1974, p. 301-302)

Hoje, os que buscam milagres não precisam se esforçar muito pra os encontrar. Em cada esquina, dezenas de taumaturgos e prestidigitadores travestidos de pastores, bispos, apóstolos, patriarcas, papas e sabe-se lá o que mais hão de inventar, em cada esquina, repito, estão a performar fenômenos mal-explicados, numa banalização sem precedentes das coisas de Deus.

Mas a dúvida da qual estamos falando é de outra natureza. Conta-se que Albert Einstein, o mais famoso gênio do nosso tempo, no dia da sua morte, estando hospitalizado com sérias deficiências cardíacas, pediu à enfermeira que lhe trouxesse seu bloco de anotações e uma calculadora. Passou seus últimos momentos buscando respostas, fazendo cálculos, investigando, repetindo aquelas perguntas que só as crianças costumam fazer (essa é uma constatação do próprio Einstein): o que é a luz? como é o espaço? como entender o tempo? qual é, a estrutura  do universo? como, afinal, funciona a mente de Deus? Seu esforço já resultara, anos antes, na mais linda teoria científica de todos os tempos, cuja principal fórmula tornou-se mais do que famosa: “E=mc2” (E = energia; m = massa; c = velocidade da luz no vácuo). Mas ele queria mais. Albert Einstein morreu aos 76 anos, no dia 16 de abril de 1955, como uma criança eternamente extasiada diante da beleza da ordem que se esconde por trás da natureza. Porque, dizia ele, “toda ciência exige que a fé esteja em harmonia com o mundo”.

Tomé, no fundo, era uma criança, como Einstein. Ambos exercitavam o mesmo tipo de dúvida que, ao final, conduzia à certeza mais límpida. E é da boca de Tomé que sai a mais bela fórmula ou afirmação de fé de todo o Novo Testamento: “Senhor meu e Deus Meu!” É a primeira grande síntese teológica das duas naturezas de Cristo: a humana (Senhor meu), e a divina (e Deus meu).

Esse maravilhoso relato evangélico seria muito importante para os cristãos de segunda geração, posto que estes não herdaram somente uma fé hipotética, mas uma fé que havia sido testada e havia sobrevivido ao ceticismo de gente inteligente como Tomé. E isso foi particularmente relevante, em meados do segundo século, para o diálogo construtivo dos cristãos com os gnósticos, que insistiam em negar a materialidade da fé.

Também é fundamental para nós, hoje, pois oscilamos entre o ceticismo estéril e a credulidade ingênua, que nos cercam e nos angustiam. E o exemplo de Tomé nos ajuda a exercitarmos uma fé inteligente, como é inteligente o Criador do Universo; a formularmos um credo condigno da inteligência do nosso Senhor Jesus Cristo; e a praticarmos uma fé igualmente consistente com a inteligência do Espírito soprado por Cristo sobre seus discípulos, naquele ato recriador que inaugurou um novo gênesis na história da salvação do universo.

Conclusão

Reza a lenda que Tomé foi o apóstolo que levou o Evangelho para a Índia. Dizem que, como Jesus, era carpinteiro de profissão. Teria sido levado para a Índia por um rei para construir um palácio. Recebeu uma grande soma em dinheiro para realizar a obra. Mas diz-se que Tomé distribuiu todo o dinheiro entre os pobres. De tempos em tempos o rei mandava chamá-lo para saber como ia o andamento da construção. “Vai bem”, dizia ele. Até que o rei desconfiou e foi tirar a “sisma”. Quando descobriu o que tinha acontecido com seu dinheiro, a princípio ficou furioso, e perguntou: “Onde está o meu palácio”. Tomé teria respondido: “Agora o senhor não pode vê-lo, mas o verá um dia na glória”. O rei acabou abraçando o Evangelho.

Daí em diante, Tomé se dedicaria a pastorear aquele rebanho em terras longínquas. Até o dia em que, enquanto viajava pelo interior da Índia pregando o evangelho, seria traspassado por uma lança, tal como a que um dia, na cruz, traspassara o peito do seu Senhor e Deus. Mostrou, finalmente, quão sincero tinha sido quando dissera, um dia: “Vamos nós também para morrermos com ele” (Jo 11.16).

Quem de nós poderá dizer que alguém assim como Tomé tem uma fé débil ou frágil?

Nós, hoje, podemos nos considerar bem-aventurados e felizes porque não vimos, contudo, cremos, mas, pela graça de Deus, temos pra nós o testemunho de alguém que teve a coragem e a dignidade de apresentar suas dúvidas honestas diante do Senhor da Vida, para que, com ele, pudéssemos também nós, com confiança, sem a necessidade de milagres, afirmar diante do ressuscitado: “Senhor meu, e Deus Meu!”

Graças a esse Salvador, divino-e-humano, que nos visita em nossas dúvidas, nós podemos hoje compreender para crer e crer para compreender.

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Pregado pela primeira vez na Faculdade de Teologia,
no culto do dia 7 de abril de 2010, a propósito do Segundo Domingo de Páscoa.
Referência bibliográfica: BARCLAY, W. O Novo Testamento Comentado por William Barclay: Juan II, v. 6 (caps. Viii AL xxi). Buenos Aires: Editorial La Aurora.

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Crer com os dedos de Luiz Carlos Ramos é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-No Derivative Works 3.0 Brasil.

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7 Comentários

  1. Bom dia! Hoje, no grupo de comunhão e discipulado, usarei seu lindo e profundo texto para compartilhar sobre Tomé. Obrigada, mais uma vez. Abraço.

  2. Estimado mestre, ler esta prédica nos remete a uma profunda reflexao, suas palavras tbm nos ajuda a rever nossa caminha de fé, onde hj o apelo por sinais tem sido tao banalizados. Oxala que possamos crer como Tomé que na descrença testemunhou sua ardente fé no Cristo. Obrigo meu mestre querido por mais essa contribuiçao. saudades.

  3. Dedos mágicos… toques na razão… carícias no coração…

  4. belo texto luiz, só vc pra enfiar o saramago no meio da pregação…rsss

  5. Crer com os dedos foi meu consolo para os meus questionamentos, valeu, profundamente.

    Tenho mais uma dúvida: Como é que todas essas maravilhas cabem em sua cabeça?

    Elenise

  6. Mano querido, nossa tarde de sábado (pai, mãe e eu) foi muito especial. Ao som de sua “doce voz” pudemos crer na dúvida sincera… que lindo e emocionante… momentos assim nos fazem valorizar os recursos tecnológicos para podermos estar mais perto do que se passa por essa cabecinha nada oca que saiu ainda menino da barra da saia da mãe. Ela com muito orgulho disse ao final de sua prédica: “Esse é o meu filho!” Me despeço por aqui. Com amor, sua família.
    Elenise

  7. Ola! Querido amigo professor, paz e amor.

    Eu te mando este e-mail pois queria te dar um abraço na saída do culto, mas como tive de sair um pouco rápido não deu para assim fazer. Querido professor,eu fiquei emocionado pela forma belíssima que o senhor trabalhou a suposta incredulidade de Tomé, até comentei com a Magali que o pior pecado que alguém comete é o da dissimulação, aliás, o que as pessoas berram para tentar mostrar que tem fé é uma grandeza.

    Bom querido, que Deus abençoe o senhor e família. Muito obrigado pela linda palavra de hoje.

    Abraços
    Enoque Leite.

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