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T e x t o s & T e x t u r a s

Entre nós é diferente

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“Sabeis que os que são reconhecidos como governadores dos gentios, deles se assenhoreiam, e que sobre eles os seus grandes exercem autoridade. Mas entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se grande, será esse o que vos sirva; e qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos. Pois também o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.” (Mc 10.42-45)

No filme Minions, há uma cena muito hilária na qual a protagonista malvada, Scarlet Overkill, faz um discurso vigoroso para motivar as criaturinhas amarelas a trabalharem para ela. “— Trabalhem pra mim e seus sonhos serão realizados: Respeito, Poder…” — “Banana!”, complementa um empolgado minion. O público gargalha ruidosamente. O riso é provocado pelo contraste de interesses. O que os minions consideram sucesso é algo bem diferente do que pensava a malvada Scarlet.

Penso que as palavras de Jesus também provocavam gargalhadas como essas: “— Os poderosos, mundo afora, têm poder, autoridade, riqueza, mas isso não é nada, comparado com o que nós temos: Somos pequenos, gostamos de servir e ajudar as pessoas, preferimos ficar por último pra poder amparar, caso alguém caia pelo caminho…”

Há 2 mil anos as palavras de Jesus de Nazaré são recitadas cristandade afora, mas ao que parece continuam tão incompreendidas como quando foram pronunciadas pela primeira vez.

Continuamos iguaizinhos aos filhos de Zebedeu que queriam garantir um cargo comissionado no primeiro escalão da administração que, supunham, Jesus estava para instalar em terras palestinas.

Hoje, o mesmo pedido se repete ad nauseam nas igrejolas mundo afora, na forma de súplicas por privilégios que apelam para distorcidas promessas bíblicas que garantem de pés juntos que um cristão é cabeça e não rabo, primeiro e nunca último, maior e de modo algum menor, senhor e em hipótese alguma servo, patrão sempre, empregado nunca. Afinal, dizem que seu deus é poderoso e não um salvador fracote, em hipótese alguma seria um homem de dores, muito menos um sofredor e, naturalmente, esse deus não pode saber o que é padecer, porque repreende tudo em nome de… bem, não há de ser o mesmo daquEle de Nazaré, porque aquEle “não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos”.

Reverendo Luiz Carlos Ramos
(Vigésimo Domingo do Tempo da Peregrinação após Pentecostes, Ano B, 2015)

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2 Comentários

  1. Obrigado pela interessantíssima forma de abordar esta questão!
    Você diz: Hoje, o mesmo pedido se repete ad nauseam nas igrejolas mundo afora… Igrejolas? Em que sentido? Certamente não no sentido de tamanho, porque se tornam cada vez mais igrejonas, imensas, colossais, cada vez maiores para acolherem as massas multitudinárias que a elas acorrem para aceitarem este Jesus maravilhoso que promete sucesso aos que o aceitarem… Isto é o que nos entristece mais. Mas, enfim, não é novidade que a prosperidade seja o sonho maior dos seres humanos! Este negócio de “servir”… cheira a subalternidade. Interessa a poucos, não é? Desde aqueles tempos.
    Sérgio Marcus

    • Obrigado, Sérgio Marcus, pelo comentário.
      Usei “igrejolas” porque não julguei apropriado usar a designação “igreja”. Aquelas podem até ser numérica e economicamente colossais e importantes (que importam tudo para si), mas são menores que qualquer uma que se disponha a servir e a ser exportante.
      Abração,
      luiz

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