Tapete de nuvens
Luiz Carlos Ramos
A primeira vez que a Ana Paula, minha filha, viajou de avião, ela ainda era bem pequena. Quando ultrapassamos as nuvens, e voávamos acima delas, olhamos para baixo e vimos centenas de quilômetros de nuvens que se estendiam sob o avião.
Então comentei: “Filhota, você terá muitas novidades pra contar para os seus coleguinhas quando voltar, heim!” E ela, olhando encantada pela janelinha, respondeu: “É, eu vou contar que…” E eu, simploriamente, pensei que ela ia dizer “… que eu andei de avião…”. Mas, para minha surpresa, ela completou: “Eu vou contar que andei num tapete de nuvens.”
Então eu me lembrei do que disse certa vez a poetiza Adélia Prado: “Às vezes Deus me castiga: eu olho para uma pedra e só vejo pedra.”
Na minha insensibilidade poética, eu estava vendo somente nuvens, mas fui salvo a tempo pela dádiva divina do olhar de uma criança. Desde então, nunca mais contemplei as nuvens da mesma forma. Afinal de contas, nuvens são tapetes onde brincam crianças e poetas.
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q lindo pai 😀 hehe eu lembro mesmo q eu falei isso :} mto legal
Sua filha carrega uma linda herança espiritual de intencionalidades e pensamentos na personalidade dela 🙂
Sua filha carrega uma linda herança espiritual de intencionalidades e pensamentos na personalidade dela 🙂