“Vem e vê!”
Natanael significa “Deus Deu” ou “Dom de Deus”. No evangelho de João, ele representa os israelitas íntegros que mantinham viva a esperança da redenção de Israel por meio do Messias. Suas expectativas se cumprem quando conhece a Jesus, filho de José, de Nazaré. Isso foi possível porque um amigo seu chamado Filipe veio compartilhar com ele a boa notícia.
Jesus encontrou Filipe de caminho para a Galileia, já em companhia de André e Pedro, que também eram de Betsaida, e o desafiou: “Vem e segue-me”.
O encontro com Jesus impactara a vida de Filipe de tal sorte que ele não podia se conter, tinha que repartir sua esperança: “Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas” (Jo 1.45).
A princípio Natanael não deu fé, pois não achava que de Nazaré pudesse sair alguma coisa boa. Típica reação de quem “não está no clima” e é “assediado” por alguém muito empolgado com alguma novidade.
Sábio, Filipe não discutiu, apenas o desafiou: “Vem e vê.” Aprendeu isso com o próprio Jesus, porque foi assim que o Rabi agiu com Pedro e André (vd. 1.39).
O resultado foi que, com os demais discípulos, Natanael pode vislumbrar uma alternativa para o legalismo e o preconceito.
No caminho do discipulado há duas coisas muito práticas com as quais se deve ter cuidado: Primeiro, com a empolgação do “novo convertido”, que não corrobora para a missão se em lugar de contagiar o interlocutor acaba por afastá-lo. Esse é o “pecado” dos fanáticos, dos radicais e dos fundamentalistas. Segundo, não se deve perder tempo com discussões infrutíferas, pois não se faz discipulado vencendo-se batalhas retóricas. O maior de todos os argumentos é a própria vida. Mais do que anunciar uma novidade, o convite ao discipulado é um desafio a ver e a viver vida nova.
Fazer discípulos é possibilitar às pessoas conhecer, amar e seguir a Cristo no caminho da justiça com misericórdia, da equidade e da paz sem preconceitos.
Rev. Luiz Carlos Ramos+
(2.º Dom Após Epifania, 2015)