O arco de Deus e a íris humana
(A propósito do Domingo da Santíssima Trindade)
“Este é o sinal da minha aliança
que faço entre mim e vós…
porei nas nuvens o meu arco”
(Gn 9.12b-13a)
Contam os textos sagrados que, logo depois da tempestade, Deus fez uma aliança com a humanidade. Chamou Noé e sua família para testemunhas e imprimiu no céu o sinal de sua promessa. O arco multicor figurou no horizonte dizendo, sem palavras, que Deus ama a vida.
Gerações se sucederam e sempre o arco de Deus compactuou com a íris humana e, na eloqüência das cores, proclama exultante: — Deus ama a vida!
Deus nos ama! Deus Renovou a sua aliança conosco. O céu e a terra, outrora infinitamente distantes, estão, finalmente, ligados por uma estrada de luz, uma ponte de cores suaves. Tudo porque: — Deus ama a vida!
A cor nada mais é do que a luz percebida pelo olhar humano. O arco-íris só existe para os olhos que se erguem para contemplar o encontro multicor do céu e da terra.
Ora, as cores são a o resultado de uma única cor: o branco.
No branco está o azul, que é a cor do céu visto da terra e a cor da terra vista do céu; seu símbolo geométrico é o círculo, que representa a eternidade (porque não tem começo nem fim) e a comunhão, porque o azul e o círculo apontam para o centro, como um abraço apertado e acolhedor. Nele vemos o Pai: perfeito e eterno.
No branco também está o verde, que é a cor da vida; seu símbolo geométrico é o triângulo, que representa a Trindade, o equilíbrio perfeito, a estabilidade, a perseverança, a esperança. Nele vemos o Filho: encarnado, crucificado e ressurreto. O caminho, a verdade e a vida. Aquele que era, que é e que há de vir.
No branco está ainda o vermelho, que é a cor do testemunho e do martírio; seu símbolo geométrico é o quadrado, que representa os quatro cantos da terra e os quatro braços da cruz. Nele vemos o Espírito Santo: inspirando e vocacionando, santificando e libertando.
No entanto, o azul, o verde e o vermelho são na verdade o branco; assim como o Pai, o Filho e o Espírito são Deus. É a matemática da luz, é a matemática de Deus: variedade é igual a unidade, diversidade é igual a comunhão.
Ora, as cores todas só são reais quando captadas pelo olhar humano. Por essa razão Deus fez conosco uma aliança: ligou o céu à terra na pessoa divina-e-humana chamada Jesus Cristo, a luz do mundo que nos olha nos olhos e diz: — Vós sois a luz do mundo!
O caminho para Deus está aberto pelo próprio Deus. Não é de concreto, nem de asfalto: é de silêncio e de luz. Não é rude nem grosseiro: requer olhos pacientes e sensíveis. Mas, lembremo-nos, é um caminho e não uma estação. Por ele devemos viajar, mas não nos acomodar.
Diz a sabedoria popular que no fim do arco-íris há um pote de ouro. Se tivermos a coragem de caminharmos por essa estrada de comunhão, perseverança e de martírio, encontraremos, quem sabe, ao final, um tesouro eterno e incorruptível, o maior de todos os tesouros: a Vida e o Autor da própria Vida.
Então, seremos qual oferta suave no altar de Deus. Ofereceremos, diante da íris de Deus, o fruto multicor da nossa existência e do nosso trabalho. Veremos, então, refletida nos olhos divinos, a nossa humanidade. E Deus verá, no fundo dos nossos olhos, a sua divindade.
Luiz Carlos Ramos
(Pregado pela primeira vez na FaTeo,
em 20 de fevereiro de 2000)
Curti, muitos falam que o irirs é de uma potestade íris, porem tem a íris do olho humano então creio que não é pecado chamar arco íris, porem na divida prefiro chamar arco de Deus ou arco celeste etc, fica na Paz!.