Para quem iremos?
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Muitos dos seus discípulos, tendo ouvido tais palavras, disseram:
— Duro é este discurso; quem pode suportá-lo?
Diante disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele.
Então Jesus perguntou aos doze:
— Será que vocês também querem se retirar?
Simão Pedro respondeu:
— Senhor, para quem iremos? O senhor tem as palavras da vida eterna…
(João 6.56-69)
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Os filósofos antigos já haviam chegado à conclusão de que ninguém pode se realizar como humano se não for capaz de pensar teórica, crítica e simbolicamente.
Aqueles que só conseguem ler o mundo “ao pé da letra”, pouco se diferenciam das criaturas “inferiores”, para as quais não é possível pensar abstratamente, isto é: se o objeto não estiver diante deles, não são capazes de imaginá-lo.
Por essa razão, os animais chamados “irracionais” não procedem a uma crítica do seu mundo (as aranhas nunca farão greve por estarem cansadas de fazer teias sempre da mesma forma); e nem são propensos à sensibilidade artística (um cão não demonstrará preferência por comer numa vasilha se ela for um raro vaso marajoara.)
Penso que era por isso que as pessoas não entendiam o que Jesus dizia. E, porque achavam suas palavras “insuportáveis”, o abandonavam…
Jesus falava “nascer de novo”, eles entendiam “voltar pra barriga da mãe”; Jesus falava “água da vida”, eles pensavam “quero um balde cheio da água desse poço”; Jesus falava “pão do céu”, eles visualizavam um cestinho descendo das nuvens; Jesus até tentava ser mais explícito nas suas metáforas, e dizia: “minha carne e meu sangue”, e então eles pensavam em “canibalismo”.
Nossa incapacidade de teorizar e simbolizar nos afasta de Jesus e do Reino que ele poeticamente anunciou.
Mas se não para Jesus, o poema que se fez corpo, para quem iremos?
Rev. Luiz Carlos Ramos†
Por uma Igreja de corações abertos, mentes abertas e braços abertos.
Para o Décimo Quarto Domingo da Peregrinação após Pentecostes
| Ano B, 2018
Imagem: Pixabay
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Meu doce amigo Luiz.
Precisamos das suas palavras, sempre tão oportunas para nos mantermos firmes nestes tempos tão difíceis…. vc é bálsamo!
Bjo
Estimado irmão amigo. Minha gratidão pelo pão, me trouxe saciedade.
Grande abraço com saudades
Lind
Estimado Lindberg,
Sua companhia à mesa é e será sempre bem-vinda.
Abraço,
luiz