Solenidade da Santíssima Trindade
Luiz Carlos Ramos
No decurso de vários séculos, surgiram várias solenidades celebradas no correr do tempo comum, ditas também “solenidades maiores do ciclo anual” ou “festas do Senhor no tempo comum”, por causa de sua dependência em relação à data da Páscoa. A solenidade da Santíssima Trindade é uma delas. Sua adoção no calendário litúrgico se dá em decorrência das controvérsias cristológicas e trinitárias dos séculos IV e V, provocadas principalmente pela heresia de Ário. O Domingo da Trindade, como festa, só se propagou a partir do ano 1200.
A festa é celebrada no primeiro domingo depois do Pentecostes, como uma espécie de olhar retrospectivo de ação de graças sobre todo o ministério que o Pai opera no Filho pelo Espírito Santo. Podemos entender, assim, que é a primeira pessoa da Trindade, o Pai, quem atua salvificamente no período do Antigo Testamento; ao passo que nos relatos dos Evangelhos encontramos as principais ações salvíficas da segunda pessoa da Trindade, o Filho; e é durante todo o processo de expansão missionária da Igreja, que vemos principalmente os atos salvívicos da terceira pessoa da Trindade, o Espírito Santo.
Assim, convencionou-se celebrar seqüencialmente os episódios da ascenção do Senhor, segunda pessoa, que volta para o Pai, a primeira pessoa, que é quem envia o Espírito Santo, a terceira pessoa que, ao descer sobre a Igreja, completa a obra da Santíssima Trindade. Dessa forma, três domingos celebram consecutivamente essas solenidades significativas para a tradição cristã: a Ascenção, o Pentecostes e a Trindade.
Quando se introduziu a festa da Trindade, já estava convencionado que o domingo de Pentecostes encerra o ciclo da Páscoa. Esta festa passou então a ocupar lugar dentro do segundo ciclo do Tempo Comum, que a rigor começa na segunda-feira após Pentecostes. A Trindade constitui-se, portanto, em uma “solenidade maior” dentro do Tempo Comum. Trata-se de uma festa que não representa, necessariamente, um evento histórico, mas relaciona-se a uma doutrina teológica.
Para saber mais, ver:
ADAM, Adolf. O ano litúrgico. São Paulo: Paulinas, 1983, p. 164-167.
AUGÉ, M. et al. O ano litúrgico. São Paulo: Paulinas, 1991, p. 233-235.
WHITE, James F. Introdução do culto cristão. São Leopoldo: Iepg/Sinodal, 1997, p. 49-51.