Velar
É se queimando
se destruindo
se martirizando
se consumindo
que a vela
vela
ama
e revela amar
acabando consigo mesma
na ponta da mesa
pra, de beleza,
o outro criar
o outro
que é o choro das lágrimas dela (a vela)
— também seu corpo —
chora desenxugável coro
choro que cai do móvel imóvel
ficando pálido como um véu
descido do céu
(daquela)
ela sabe que pra sempre não subsistirá
e, portanto, insiste em existir no presente
como um presente
pro outro
ela o ilumina enquanto é noite
pois quando o dia for chegado
inverno verá
traspassado
verão passado
que, embora como fria neve pereça
já foi fogo… quente
por incrível que pareça
a vela
vela
ama
e revela amar.
José Lima Jr.
Muito obrigado Prof. Luiz, este poema nao saia d minha cabeça apesar de só me lembrar de trechos dele. É lindo perceber o movimento da vela, que velando as pessoas, se doa, se destroi e se recria…